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Sexualidade

    Nesta seção, separei alguns Textos, Vídeos, Artigos e outras mídias com informações sobre algumas pesquisas ou ilustrações sobre temáticas relacionadas à terapia e desenvolvimento corporal em termos de sexualidade. Tentei dispor aqui um número bom de informações para tanto despertar o interesse no tema quanto fornecer conteúdo para os já interessados.

 

Informe-se. Desenvolva-se.

Pornografia e o distanciamento emocional

 

    O vídeo ao lado possui informações importantes sobre alguns dos efeitos da pornografia no corpo (há legenda em português disponível). Abaixo fiz um resumo dos principais pontos desta palestra:

    Adolescente masculinos começam a se interessar mais intensamente por pornografia por volta dos 10 anos. A biologia de nosso corpo está pré-programada para fertilizar o maior número de fêmeas possível. Assim, quando aparece uma nova fêmea, este novo estímulo faz com que a excitção tenda a ser maior e o tempo até a ejaculaçao menor, pois o intuito corporal pré-programada é fecundação. Agora, quando o corpo está diante da mesma fêmea, o estímulo é percebido como menor e o tempo até a ejaculaçao é maior, pois não há uma necessidade urgente de fecundação, pois é um estímulo que sempre estará ali. Não há escassez, portanto não havendo urgência.

    Isso ocorre também na tela do computador. Toda vez que uma nova imagem ou vídeo aparece, o homem "fertiliza" a tela ao clicar neste novo estímulo. E a cada clique a dopamina (hormônio de satisfação e prazer) sobe, pois ele se satisfaz e sente bem com esse ato. Atualmente, em 10 minutos de internet pode-se ter muito mais acesso a pornografia do que em uma vida inteira, ou mais, de um homem antes do surgimento da internet.

    Quando se acessa pornografia: sozinho, voyeurismo (a distância de assistir e não participar), clicar (comportamento repetitivo), procurar novos estímulos (caçar e dominar novas fêmeas), abas múltiplas (diferentes estímulos), novidade constante (hiper-estímulo), choque e surpresa (excitação e estímulo novos constantes).

    Quando se está em uma relação sexual: sedução, tocar e ser tocado (aproximação), ferormônio, cheiros, conexão emocional e interação com uma pessoa.

    Ou seja, enquanto a pornografia tende a afastar a pessoa da sociedade e do contato com o Outro, a relação sexual aproxima e exige maior interação e intimidade. [O problema é que as relações sexuais estão justamente já afetadas pela influência da pornografia, sendo importante a ressignificação da relação sexual por meio de uma descoberta mútua e sensível das pessoas envolvidas, ao invés de projeções e tentativas de imitar o que se ouviu falar ou o que se viu na internet em contextos pornográficos].

    Ironicamente, não se sabe tanto quanto se gostaria sobre os efeitos da pornografia, pois não há um grupo de controle consistente, ou seja, por quase 100% da população masculina usar, não se sabe bem quais os efeitos do não uso. Seria como imaginar uma sociedade em que todos os homens fumassem e que, portanto, câncer pulmonar fosse algo normal e não uma debilidade física.

    Os sintomas de adicção/vício decorrentes de excitação e prazer são: ansiedade social, depressão, ansiedade de perfomrance, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) etc.

    E por que nos viciamos? Há o chamado "sistema de recompensa": prazer, comida, contato, drogas, enfim, qualquer tipo de estímulo é capaz de criar um vício e dependência. Porém, alguns possuem uma capacidade maior. Comidas calóricas (junk food) e mulheres hiper-sexualizadas são, ambas, uma dose extra de estímulo na bioquímica do corpo. Quando ratos de laboratório possuem acesso facilitado a comidas calóricas, os ratos ficam obesos. Isso pode ser visto igualmente em nossa sociedade e, em especial, na sociedade americana, onde a luta contra a obesidade é um problema cada vez maior.

    E por que simplesmente não paramos de nos estimular, se este estímulo está fazendo mal? Isso também é um mecanismo pré-programado corporal muito antigo. O nosso corpo aproveita a comida e o estímulo o máximo que puder, pois não se sabe quando conseguirá obtê-lo novamente. Porém, essa é uma situação de alimentação e de reprodução muito antiga. A questão é que o nosso meio ambiente mudou, mas o nosso corpo ainda não. Deste modo, vamos nos hiper-estimulando, com receio de escassez. Aqui há dados interessantes, pois enquanto um rato e um homem vai se encher de comida e prazer até morrer ou se debilitar, o mesmo rato e homem não ficam viciados tão viciados em cocaína, heroína ou drogas mais pesadas na mesma proporção, ou seja, por incrível que parece o efeito da alimentação e da sexualidade-visual é mais viciante e causa maior dependência química do que drogas consideradas pesadas. Há diversos fatores sociais-econômicos para tanto. Um deles é que nós não somos ensinados a enxergar estes estímulos como "drogas" ou "vícios", a não ser em níveis muito danosos.

    A dependência não é somente, então, psicológica, mas, sim, física. Mudanças cerebrais estruturais ocorrem e o nosso corpo sofre dos efeitos de um vício real em relação à comida e pornografia, pois deveras é um vício: resposta ao prazer se torna indiferente ou adormecida; hiper-reação ao estímulo da droga (comida e pornô, no caso); erosão da força de vontade (depressão).

    Saindo do vício. Os adolescentes são propícios a vícios e dependências, pois o cérebro deles está no auge da produção de dopamina. Desta forma, os estímulos recebidos nesta fase são mais intensos e possuem efeitos corporais mais fortes. Assim, muitos sofrem com ansiedade, depressão e baixa performance sexual. E, neste caso, o Viagra não está ajudando estas pessoas, pois o problema não é propriamente genital ou cerebral, mas, sim, é um problema químico. O corpo desta pessoa está acostumado a determinados estímulos advindos de um vício e tudo o mais (sexo com outra pessoa ou parceiros "normais") não o estimula nem excita o suficiente. Daqui muitos recorrem a remédios anti-depressivos e anti-ansiolíticos, porém eles não cortam a raiz do problema.

    Cada vez mais grupos estão se reuindo para sair do vício da pornografia. E, nestes grupos, você pode ver relatos fantásticos de pessoas que "recuperaram a vontade de viver", "renasceram para uma nova viva", "encheram-se de uma energia escondida" etc. E isso é tão óbvio quanto esperado. Pessoas viciadas gastam muita parte de seu tempo e energia vital para o seu vício. Quando conseguem se recuperar, sentem verdadeiramente um mundo se abrindo diante delas, pois toda essa energia, desperdiçada no vício, é, então, re-direcionada para outras atividades: leituras, esportes, amigos, festas, contato social, relacionamentos amorosos, trabalho etc.

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    Extra. É bom lembrar que o tema nesta seção é a "pornografia" em sentido amplo, pois já há movimentos feministas ou mais humanistas que tentam estimular e, inclusive, já se empenham em produzir filmes eróticos que não reforcem estruturas de poder, agressão e que não sejam simplesmente um estímulo de recompensa que pode evoluir para um vício. Trata-se de vídeos com maior contato, sensibilidade e um, de fato, reconhecimento do Outro com quem se troca a experiência sexual - o quão essa tentativa é válida ou não, ainda se pode ser bastante debatido e estudado (não entrarei nessas questões aqui).

    Além disso, alguém poderia se perguntar por que o foco foi a pornografia usada pelos homens e não pelas mulheres. O foco dado de forma alguma quis implicar que mulheres não tem acesso ou não assistem pornografia. Porém, a sociedade atual, como tal, é estruturada de forma a estimular o homem a se voltar para várias "fêmeas e parceiras sexuais" - e isso é prejudicial, pois se cria homens ansiosos e com um distanciamento emocional. Conforme a sociedade muda, será necessário estudos maiores sobre os efeitos da pornografia nas mulheres e, inclusive, teremos uma maior base de análise para a formação de um grupo de controle, pois não é 100% das mulheres que assistem pornografia com certa regularidade.

   O foco aqui foi tratar especificamente o hiper-estímulo de uma sexualização da mulher-objeto e seus efeitos nos homens, o que pode ser visto não somente na pornografia, mas em propagandas de cerveja, carros, filmes, produtos de beleza etc.

     Consciência Corporal. As técnicas, cursos e vivências oferecidas neste site são voltadas também para este propósito: trazer consciência para a vida, quebrando antigos padrões e re-significando os prazeres, de forma a canalizar o que podemos chamar de energia vital e existencial para atividades mais saudáveis e benéficas para o seu corpo e mente não somente para si próprio, mas também para os outros com quem convivemos.

 

Objetificação do corpo masculino e feminino

         A objetificação dos corpos femininos ainda é muito maior e permeia várias camadas mais profundas da sociedade. Porém, é importante notar o crescimento exponencial e também danoso da objetificação dos corpos masculinos nos filmes, mídia e propaganda. As transformações corporais exigidas criam corpos irreais mesmo para os atores, que tem de passar por dietas e truques corporais específicos, tendo sua saúde afetada seriamente. Uso de hormônios, desidratação, alimentação não-balenceada, gordura corporal extremamente baixa etc. causam sérios danos a curto e longo prazo.

     Assim como homens e mulheres tem que ter consciência da objetificação feminina, também precisamos ganhar consciência da objetificação masculina, a qual, repito, ainda é diferente da objetificação feminina em vários pontos, em vista da posição social privilegiada masculina. 

 

Relatório Hite sobre a sexualidade masculina e feminina

     A pesquisadora social Shere Hite escreveu dois livros a partir de pesquisas conduzidas em um grande número de pessoas: Relatório Hite sobre a sexualidade feminina e Relatório Hite sobre a sexualidade masculina. Em ambos os livros, traz estatísticas e relatos detalhados sobre a forma de criação e educação corporal existentes em nossa sociedade, sendo uma boa introdução, exemplificação e problematização tanto da sexualidade masculina quanto a feminina.

 

O Clitóris Interno

     Há um vídeo didático intitulado Clitóris Interno, que mostra toda a estrutura do clitóris, inclusive a parte interna da qual pouco se fala. Há diversos blogs e sites que trazem desenhos/imagens em 3D para uma melhor visualização - basta digitação "clitóris interno" no google e ver as imagens e referências. Deste modo, pode-se compreender melhor as zonas de prazer anexas e relacionadas ao clitóris externo (com o qual a maioria da população também não está familiarizada) e toda a extensão que pode ser estimulada - é um primeiro passo para a compreensão e expansão do prazer feminino.

 

A Alemanha oriental amava diferente?

     No interessante documentário Liebte der Osten anders? ("a Alemanha oriental amava diferente?") há uma análise não estritamente política e voltada  para a sexualidade diferente entre a Alemanha ocidental (hiper-estimulada com propagandas para consumo) e a Alemanha oriental (estatizada e sem guerras de marketing e estímulos variados no quesito consumismo), onde se pode observar um específico momento histórico, em que os cientistas estudaram ambas as populações após a derrubada do muro de Berlim e reunificação alemã, descobrindo contrastantes e inesperados resultados sobre a sexualidade. Tais dados podem nos falar muito sobre a influência da mídia no modo de compreendermos o nosso próprio corpo, nossos direitos e também nossas consciências corporais. 

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